Como Tratar Parestesia no Nervo Alveolar Inferior Após Implantes Dentários
A instalação de implantes dentários é um procedimento cada vez mais comum na prática odontológica moderna, trazendo inúmeros benefícios aos pacientes. No entanto, complicações como a parestesia do nervo alveolar inferior podem ocorrer, causando desconforto significativo e comprometendo a qualidade de vida dos indivíduos. Essa condição, caracterizada por uma sensação anormal na região, como dormência ou formigamento, pode ser resultado de diferentes fatores durante o procedimento dental. O reconhecimento e o tratamento adequados da parestesia são essenciais para a recuperação da sensibilidade e para a prevenção de danos permanentes ao nervo.
Este artigo examina as causas da parestesia durante a instalação de implantes dentários, enfatizando a importância da prevenção de lesão do nervo alveolar inferior. Discute-se também o diagnóstico preciso da condição, utilizando-se ferramentas como a tomografia computadorizada para uma identificação assertiva. O manejo da parestesia, desde tratamentos iniciais para quadros leves a abordagens mais intensivas para casos severos, incluindo opções como laserterapia e anestesia, é explorado detalhadamente.
O que é parestesia do nervo alveolar inferior?
Parestesia do nervo alveolar inferior é uma condição que envolve alterações nas funções sensoriais normais da boca, que podem ocorrer após procedimentos como restaurações, cirurgias e outros tratamentos odontológicos mais invasivos. Essas alterações são geralmente descritas como parestesias e podem variar desde uma pequena diminuiçao da sensibilidade até a perda completa sensorial, impactando significativamente a qualidade de vida do paciente.
Pode ser eventualmente caracterizada por sensações anormais como queimação, picadas, cócegas ou formigamento.
A parestesia do nervo alveolar inferior pode ser originada por diversos fatores, que incluem aspectos físicos, químicos, mecânicos, patológicos e microbiológicos. A etiologia pode ser direta, como injeções anestésicas e acidentes durante procedimentos cirúrgicos, ou indireta, como a movimentação das raízes dentárias ou implantes osseointegráveis que entram em contato com as paredes do canal mandibular, causando compressão por edema ou hematoma.
Complicações Associadas
A parestesia do nervo alveolar inferior é uma complicação rara, mas que é mais frequentemente associada a procedimentos como a extração de terceiros molares inclusos e/ou impactados, instalação de implantes dentários e durante procedimentos anestésicos locais. A anatomia deste nervo, localizado dentro do canal da mandíbula e próximo do ápice radicular dos dentes inferiores, pode levar a condições de reversibilidade ou irreversibilidade após cirurgias na região.
A condição pode também afetar a língua (quando acontece no nervo lingual, mais comum nas exodontias dos dentes inferiores posteriores), causando sensação de queimação, alterações no paladar, ainda que nesta situação não abordaremos neste artigo.
Causas de parestesia durante a instalação de implantes dentários
Fatores mecânicos
Os fatores mecânicos, como trauma, compressão ou estiramento do nervo durante procedimentos odontológicos, podem causar lesões no nervo alveolar inferior. Essas lesões podem ser devidas à manipulação inadequada durante a extração de terceiros molares ou durante a colocação de implantes dentários, resultando em ruptura parcial ou total das fibras nervosas e causando parestesia. A proximidade entre o terceiro molar inferior e o canal mandibular é um fator de risco significativo, e a avaliação cuidadosa da posição dos molares em relação ao canal mandibular através de radiografias panorâmicas e tomografias computadorizadas é essencial para minimizar riscos.
Fatores térmicos
A geração de calor durante procedimentos como osteotomias, especialmente quando realizadas com instrumentos rotatórios sob refrigeração inadequada, pode causar danos térmicos ao nervo alveolar inferior. Esse excesso de calor pode levar à lesão nervosa, afetando negativamente a função sensorial do nervo e resultando em parestesia. Portanto, é crucial a utilização de técnicas adequadas de refrigeração, bem como instrumentos cortantes devidamente afiados durante tais procedimentos para evitar complicações.
Fatores químicos
O uso de anestésicos locais e outros medicamentos durante procedimentos odontológicos pode resultar em parestesia devido à neurotoxicidade dessas substâncias quando injetadas dentro do feixe nervoso. A aplicação de anestésicos locais é uma prática comum, mas em alguns casos, pode causar uma reação inflamatória exagerada ou mesmo alérgica, reduzindo a condução do nervo e levando à parestesia. É fundamental monitorar a dosagem e a técnica de aplicação para evitar tais complicações.
Prevenção de lesão do nervo alveolar inferior
Planejamento cirúrgico
Antes de realizar qualquer procedimento cirúrgico, é fundamental seguir um protocolo de planejamento cuidadoso. Neste ponto, a habilidade profissional, a interpretação dos exames de imagem e o uso correto de instrumentos são determinantes para prevenir a ocorrência de parestesia.
Os exames de imagem desempenham um papel central na prevenção de lesões no nervo alveolar inferior. A tomografia computadorizada (TC) é particularmente valiosa, pois fornece imagens tridimensionais detalhadas, permitindo uma avaliação precisa da relação anatômica entre os terceiros molares e o nervo alveolar inferior.
A radiografia panorâmica, embora mais acessível e fácil de avaliar, pode ser complementada pela TC para uma visualização mais detalhada, especialmente em casos de suspeita de proximidade do dente/implante com o canal mandibular.
Cuidados durante o procedimento
Durante o procedimento cirúrgico, a atenção meticulosa aos detalhes é crucial para evitar lesões no nervo alveolar inferior. A administração cuidadosa da anestesia, evitando o uso excessivo de agentes químicos, e a utilização adequada de instrumentos são práticas essenciais para minimizar o risco de trauma nervoso. A experiência e a técnica do profissional desempenham um papel significativo, com especialistas tendo menores chances de causar complicações em comparação com generalistas.
Diagnóstico da parestesia do nervo alveolar inferior
Sintomas comuns
A parestesia do nervo alveolar inferior manifesta-se por sintomas específicos, que incluem dormência ou formigamento na parte inferior do queixo e lábios, eventualmente com alguma dificuldade em falar, engolir ou mastigar, e alterações no paladar. Além disso, pode-se observar hipersensibilidade ao frio ou calor e dores na gengiva e na língua.
Exames complementares
Para um diagnóstico preciso da parestesia do nervo alveolar inferior, são fundamentais exames complementares como a tomografia computadorizada (TC) pois estas oferecem imagens detalhadas que auxiliam na identificação de possíveis danos nos nervos e músculos.
O diagnóstico precoce é essencial para minimizar os riscos de sequelas permanentes associadas à parestesia do nervo alveolar inferior. Intervenções rápidas podem melhorar significativamente o prognóstico do paciente, reduzindo o risco de danos irreversíveis ao nervo.
Tratamento inicial e manejo de quadros leves de parestesia
No manejo inicial da parestesia, a medicação desempenha um papel importante. Medicamentos corticoides e vitaminas do complexo B são comumente utilizados para tratar a condição. Os corticoides ajudam a reduzir a inflamação, enquanto as vitaminas do complexo B suportam a saúde do sistema nervoso.
Laserterapia
A laserterapia de baixa intensidade, também conhecida como terapia de fotobiomodulação, é uma alternativa eficaz no tratamento de distúrbios neurossensitivos, incluindo a parestesia. Esta terapia utiliza fontes de luz não ionizantes no espectro visível e infravermelho para estimular os processos de reparo tecidual e regeneração nervosa periférica.
Além da laserterapia, sessões de fisioterapia podem ser indicadas para acelerar o tratamento da dor e diminuir os processos inflamatórios. A fisioterapia pode incluir técnicas como a eletroestimulação, que atua sobre as fibras nervosas aferentes, proporcionando alívio da dor através da ativação do sistema analgésico central.
A combinação desses tratamentos, junto com o acompanhamento clínico e a medicação adequada, oferece uma abordagem multidisciplinar no tratamento inicial e manejo de quadros leves de parestesia, visando a recuperação funcional e a melhoria da qualidade de vida do paciente.
Tratamento de quadros severos de lesão do nervo Intervenção Cirúrgica
As técnicas de micro-neurocirurgia são empregadas para restabelecer a perda sensorial ou função motora, sendo indicadas em casos de observação ou suspeita de laceração ou transecção do nervo, não melhora da anestesia três meses após a cirurgia, dor decorrente da formação de neuroma, dor causada por objeto estranho ou deformidade do canal e, ainda, decréscimo sensitivo progressivo ou aumento da dor.
Prognóstico
Definir o grau da injúria causada ao nervo é crucial para escolher a conduta terapêutica apropriada. Dependendo da gravidade da lesão, classificada como neuropraxia, axonotmese ou neurotmese, o tratamento e o prognóstico variam. Em casos de neuropraxia, o reparo espontâneo geralmente ocorre em quatro semanas; na axonotmese, o reparo pode levar de um a três meses, podendo resultar em hipoestesia permanente.
A neurotmese é a lesão mais severa, onde ocorre uma disrupção completa do feixe nervoso, comprometendo a continuidade do axônio e dos tecidos conjuntivos que rodeiam o nervo. Este tipo de lesão está associada a agressões químicas e a fenômenos de tração, compressão, laceração e avulsão do nervo. O prognóstico de recuperação da sensibilidade é pobre. Nestes casos, está indicada a intervenção microcirúrgica.
Tecnologias avançadas e pesquisas atuais Inovações diagnósticas
A tomografia computadorizada de feixe cônico (CTCB) tem se mostrado uma ferramenta valiosa na odontologia, especialmente em procedimentos de alta complexidade como a cirurgia de terceiros molares e implantes. Estudos indicam que a CTCB contribui significativamente para um planejamento cirúrgico mais abrangente, permitindo uma avaliação detalhada dos riscos e uma melhor visualização da anatomia do nervo alveolar inferior, o que pode reduzir a incidência de lesões nervosas durante os procedimentos.
A laserterapia de baixa intensidade tem destaque como uma abordagem promissora no tratamento de parestesias. Esta técnica, que utiliza luz laser para estimular a regeneração do tecido nervoso, tem mostrado resultados positivos na aceleração do processo de reparo tecidual e na redução de fenômenos dolorosos e inflamatórios. A aplicação correta da luz, considerando os pontos de aplicação, tempo de exposição e comprimento de onda, é crucial para maximizar a eficácia do tratamento.
A capacidade de avançar no tratamento da parestesia do nervo alveolar inferior ilustra o progresso contínuo no campo da odontologia e da medicina regenerativa. Com as pesquisas atuais dirigindo-se para abordagens terapêuticas inovadoras, como a laserterapia e a eletroestimulação, e o aprimoramento das técnicas de diagnóstico e planejamento cirúrgico, espera-se que os pacientes experimentem melhoria significativa na qualidade de vida. Portanto, o compromisso com a excelência na prática clínica e a busca incessante por conhecimento são imperativos para superar os desafios apresentados por complicações como a parestesia e para garantir o bem-estar dos pacientes.
Leitura Complementar
Alterações da sensibilidade na face provocadas por fatores iatrogénicos https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/84552/2/138708.pdf
Alterações sensoriais do nervo alveolar inferior em implantodontia https://www.ciodonto.edu.br/monografia/files/original/9ad6badd422c34ccb5de33cabf04a01c.pdf
Diagnóstico de parestesia do nervo alveolar inferior: relato de caso https://www.oasisbr.ibict.br/vufind/Record/UNSP_f00b1f86477c7f5c54e0badb2bdd3b40
Exames complementares na investigação da dor neuropática https://www.scielo.br/j/rdor/a/ZsrK5GdJ9CngjCtmYgGNWMz/
Laserterapia no tratamento de parestesia https://www.revodontolunesp.com.br/article/588017bc7f8c9d0a098b489f
Lesão do nervo alveolar inferior por ato cirúrgico https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/6158/1/PPG_27326.pdf
Microcirurgia das lesões traumáticas de nervo periférico do membro superior https://www.scielo.br/j/rbcp/a/pmJhQqdMckv4c3jBXRGMvGv/abstract
Neuropatia pós-implante https://repositorio.usp.br/item/002459437
O uso da laserterapia no tratamento de parestesia do nervo alveolar inferior pós extração de terceiros molares https://bjihs.emnuvens.com.br/bjihs/article/view/1471
Parestesia do nervo alveolar inferior após exodontia de terceiros molares https://periodicos.pucminas.br/index.php/Arquivobrasileirodontologia/article/view/6916/6230
Parestesia do nervo alveolar inferior associado à cirurgia de terceiro molar https://eacademica.org/eacademica/article/download/73/55/459
Parestesia do nervo alveolar inferior e possíveis tratamentos https://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/ANA%20CLARA%20GOMES%20DE%20CARVALHO.pdf
Parestesia do nervo alveolar inferior e sua relação com a cirurgia de terceiro molar https://eacademica.org/eacademica/article/download/254/220/2377
Parestesia do nervo alveolar inferior: etiologia, diagnóstico e tratamento https://seer.unifunec.edu.br/index.php/AJOF/article/view/5124
Parestesia do nervo alveolar inferior: lesões ocasionadas por instalação de implantes https://faculdadefacsete.edu.br/monografia/files/original/99e57ab487f3ccc4b8a6d06dfef39f65.pdf
Parestesia do nervo alveolar inferior: uma revisão de literatura https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/147803/000999686.pdf
Parestesia relacionada à odontologia: causas clínicas e possíveis métodos preventivos e protocolos de tratamento https://seer.unifunec.edu.br/index.php/forum/article/view/6178
Parestesias associadas com procedimentos odontológicos https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumS/article/download/3843/2781/13430
Terapêutica medicamentosa na implantodontia:
Proposta de protocolo clínico https://www.cro-pe.org.br/site/adm_syscomm/publicacao/foto/04a48aca4e69eddc6f0c27dfca0e1504.pdfTerapia a laser de baixa potência no tratamento de lesões periféricas
Do nervo trigêmio em odontologia https://archhealthinvestigation.com.br/ArcHI/article/download/5267/7188/23537Tratamento da parestesia do nervo alveolar inferior e lingual
No pós operatório de 3º molar. https://revista.cromg.org.br/index.php/rcromg/article/download/35/21