Guia Completo Sobre Implante Imediato com Técnica Socket-Shield

Uma abordagem promissora para atenuar a preservando do Osso Alveolar pós-extração

jun 25, 2024

A preocupação com a perda óssea alveolar após a exodontia, especialmente em áreas estéticas, representa um desafio significativo na implantodontia, onde o sucesso dos procedimentos de implante imediato requer um diagnóstico cuidadoso e uma compreensão clara dos requisitos fundamentais, como a disponibilidade de osso com volume adequado. A técnica de Socket Shield foi introduzida como uma abordagem cirúrgica mais conservadora buscando minimizar reabsorção óssea pós-extração e, por tabela, a manutenção da estética dos tecidos moles, críticos para o resultado funcional e estético final dos implantes imediatos.

Esta técnica, relativamente recente, sugere a manutenção de um segmento da raiz dentária na parede vestibular do alvéolo durante a colocação do implante imediato pois permite a preservação da tábua óssea vestibular, mesmo em casos de paredes ósseas delgadas que estariam sujeitas a reabsorções fisiológicas logo depois da exodontia.

Neste artigo vamos explorar desde os fundamentos do Socket Shield, passando pelos benefícios estéticos de preservar o osso alveolar com esta técnica, até o acompanhamento de cuidados pós-operatórios, avaliação de sucesso, potenciais complicações e maneiras de preveni-las, delineando um caminho para práticas baseadas em evidências em implantodontia e carga imediata.

Os Fundamentos da Técnica de "Socket Shield"

A técnica Socket Shield essencialmente é uma técnica cirúrgica de “exodontia parcial". Envolve a manutenção intencional de um fragmento da raiz do dente, especificamente a porção vestibular, dentro do alvéolo durante a colocação imediata de um implante.

Durante o procedimento, uma seção da raiz do dente é cuidadosamente seccionada e deixada no lugar enquanto o resto do dente é extraído. O implante é então colocado de forma que fique protegido pelo fragmento radicular preservado, servindo agora como escudo (shield) natural.

A perda de um dente inicia um processo complexo de remodelação, que envolve vários graus de osso alveolar. Esta reabsorção pode ser altamente variável e imprevisível, podendo atingir até 50% da tábua óssea vestibular nos primeiros 12 meses após a extração, até que a perda se estabilize.

Ao utilizar a técnica "Socket Shield” nós alteramos o processo de reabsorçao, pois a presença radicular, com suas fibras periodontoais, protegem o osso de uma reabsorção fisiológica, além de reduzir o volume de enxerto ósseo alveolar, por conseguinte permitindo manutenção dos contornos naturais do tecido ósseo e mole.

Esta técnica representa um avanço significativo no campo da implantodontia, ainda que seja técnico-dependente e tenha indicações clínicas muito precisas, como ausências de infecção no local e parede óssea vestibular pré-existente.

Pontos de destaque da técnica Socket Shield

Preservação da Tábua Óssea Vestibular

É um dos principais benefícios da técnica Socket Shield, pois evita a reabsorção óssea que ocorre comumente após a extração dentária. Esta preservação é crucial para manter os contornos naturais da gengiva e do osso, impactando diretamente na estética rosa e na satisfação do paciente.

Isto acontece pois a a preservação do ligamento periodontal, associada à porção vestibular da raiz, e consequentemente o suprimento vascular, previne a reabsorção fisiológica da parede óssea vestibular, limitando a atrofia alveolar e a contração dos tecidos moles que resultariam da extração dentária (veja a técnica mais adiante para entender este processo)

Redução da Necessidade de Enxertos Ósseos

Enxerto ósseo são comumente necessários em técnicas convencionais de implantes para ajudar na manutenção da dimensão alveolar. Esta vantagem não apenas simplifica o procedimento cirúrgico mas também representa uma redução de custos e de tempo para o paciente.

Resultados Estéticos Aprimorados

Estudos demonstram que esta técnica oferece uma pontuação estética rosa superior, comparada às técnicas convencionais, devido à manutenção do nível ósseo e dos contornos gengivais

Passo a Passo: Realizando a Técnica de Socket Shield

Remoção da Coroa e Preparação da Raiz: Iniciar com a remoção da coroa dentária já fraturada, seguida pela bissecção da raiz em vestibular e palatina usando broca cirúrgica
Ajuste do Fragmento Vestibular: Remover o fragmento palatino e ajustar o fragmento vestibular (escudo) para que não interfira na instalação do implante
Instalação do Implante: mantendo uma distância de aproximadamente 1,5 mm do escudo vestibular, e buscando a ancoragem mais próxima da parede palatina.
Inserção de Enxerto Ósseo e L-PRF: Após a instalação do implante inserir o enxerto, associado ao L-PRF em torno do implante, para promover a regeneração óssea e a integração do tecido
Instalaçao protética: Nao precisa ser feita a ativaçao imediata, o importante é o selamento do alvélo para permitir a manutençao do tecido gengival e tábua óssea.

Vamos a um caso clínico que explica muito bem esta abordagem (realizado pela Dra. Juliana Cavalcante Duarte ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9630-7717, artigo original disponível neste link):

a: Imagem extra-oral em vista frontal onde não é possível ver clinicamente a região fraturada da unidade 21; b: Aspecto intraoral com contraste.

Tomografia computadorizada.nos cortes sagital e panorâmico, respectivamente. a: Observa-se neste corte uma fratura no terço médio estendendo-se da face palatina à face vestibular da raiz, abaixo da JCE (Junção Cemento Esmalte); b: Observa- se neste corte uma fratura radicular abaixo da JCE, no terço médio do dente.

Planejamento da cirurgia guiada feito com uso do software 3shape a partir da tomografia e escaneamento intraoral para a instalação do implante. a: Corte axial; b: Corte sagital; c: Corte panorâmico.

Imagem do trans operatório. a: Vista frontal após exodontia da unidade 21 e b: Vista frontal após exodontia da unidade 21 com contraste

a: Observa-se o resultado do implante imediato em conjunto com o Socket Shield; b: Enxerto ósseo Bio-Oss da Geistlich® associado a L-PRF em torno do implante.

Tomografia do pós-cirúrgico imediato. a: Corte sagital com medição do escudo e da tábua óssea, estas medindo 1,5 mm e 0,7 mm de espessura, respectivamente; b: Tomografia pós-imediato (Instalação do implante e provisório); c: Corte Axial do implante e escudo.

a: Imagem intraoral, vista frontal apresentando o implante já instalado; b: Pode-se observar na vista oclusal a cicatrização do implante após 7 meses.

Pode-se observar o resultado final da coroa definitiva instalada após 7 meses da colocação do implante utilizando a técnica socket shield.

Tomografia Computadorizada 10 meses após o procedimento cirúrgico em diferentes cortes para se observar o escudo e a preservação da tábua óssea - a: Corte sagital; b: Corte panorâmico; c: Corte axial.

Considerações Adicionais

Uso de Biomateriais: A aplicação de biomateriais no gap durante a instalação de implantes imediatos à exodontia mostrou reduzir a reabsorção óssea horizontal vestibular e melhorar a estética dos tecidos moles peri-implantares. Na técnica Socket-shield esta abordagem é essencial para que o implante nao fique em contato direto com o escudo dentário.
Técnica Flapless: A realização da técnica cirúrgica flapless, sem retalho, mostrou em estudos reduzir a perda óssea da tábua vestibular em comparação com implantes instalados com retalho. Esta técnica também resulta em um osso mais denso por vestibular ao redor do implante, indicando melhorias qualitativas no osso. por essencia, a técnica Socket-shield é flapless.