A toxina botulínica é um dos procedimentos mais realizados na harmonização facial, porém ainda gera dúvidas entre profissionais, especialmente quanto à reconstituição e diferenças entre as marcas disponíveis.
Mas antes: é importante esclarecer que o termo "diluição", frequentemente utilizado na prática clínica, pode transmitir ao paciente uma impressão equivocada de perda de qualidade ou potência do produto. Na realidade, o processo correto é denominado "reconstituição", pois consiste em adicionar solução salina a um pó liofilizado, recuperando sua forma líquida para aplicação, sem comprometer sua eficácia. Este artigo aborda dois aspectos fundamentais para o sucesso no uso desse produto: a reconstituição adequada e as diferenças entre o Botox e o Dysport.
A Ciência da Reconstituição: Impacto no Espalhamento e Eficácia
A reconstituição da toxina botulínica é frequentemente motivo de controvérsia entre profissionais. Alguns preferem reconstituir com 1ml, outros com 2ml, e há quem defenda reconstituições de até 2,5ml. O ponto principal a ser compreendido é que a reconstituição afeta diretamente o espalhamento do produto no tecido, mas não altera necessariamente sua eficácia ou duração.
Quando se aumenta a quantidade de solução salina na reconstituição, obtém-se maior espalhamento da toxina. Esse fenômeno é similar ao observado quando uma gota de líquido se espalha em um papel absorvente - quanto maior o volume de líquido, maior será a área afetada. No entanto, é importante notar que a concentração da toxina será maior no centro do ponto de aplicação e diminuirá gradualmente nas bordas da área de dispersão.
A escolha do volume de reconstituição deve ser baseada na compreensão do produto utilizado e no resultado desejado. Para áreas que exigem maior precisão, um volume menor pode ser preferível. Para regiões que se beneficiam de maior espalhamento, volumes maiores são indicados. O fator decisivo não é o volume da reconstituição em si, mas a dose efetiva aplicada - duas unidades em 0,05ml têm o mesmo potencial de ação que duas unidades em 0,1ml.
Além da reconstituição, a técnica de injeção também influencia o espalhamento. A pressão exercida durante a aplicação pode levar a um aumento físico da distribuição do produto à medida que o líquido é empurrado através dos tecidos. Por isso, é fundamental manter consistência na técnica de aplicação, especialmente quando se trata de áreas simétricas.
Entendendo as Diferenças: Botox vs. Dysport
Uma das maiores dificuldades para os profissionais iniciantes é compreender as diferenças entre as marcas de toxina botulínica, especialmente entre o Botox (ONAbotulinumtoxinA) e o Dysport (ABObotulinumtoxinA). Embora ambos sejam toxinas do tipo A e tenham as mesmas indicações clínicas, suas unidades não são intercambiáveis.
Esta diferença ocorre devido a vários fatores: diferentes cepas de bactérias utilizadas, processos de manufatura distintos e complexos proteicos resultantes diversos. Por isso, 100 unidades de Dysport não equivalem a 100 unidades de Botox. Segundo a literatura científica, existe uma correlação de conversão entre 1,5 a 2,5 unidades de Dysport para cada unidade de Botox.
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Estudos eletromiográficos demonstram que o Dysport tende a apresentar ação mais rápida e duração mais prolongada em comparação ao Botox. No entanto, essa diferença de duração geralmente não é expressiva, limitando-se a poucos dias ou semanas.
É fundamental compreender que não existe superioridade ou inferioridade inerente a nenhum dos produtos. São simplesmente diferentes e exigem protocolos diferentes. A experiência clínica deve guiar a escolha da marca e a personalização dos protocolos para cada paciente.
Vale ressaltar que cada paciente responde de maneira única ao tratamento, não havendo dose universal aplicável a todos. Fatores como sexo, massa muscular, espessura da pele e padrões de expressão facial devem ser considerados na determinação da dosagem apropriada.
A curva de aprendizado na aplicação de toxina botulínica é inevitável. Embora os conceitos fundamentais de anatomia e técnica de injeção sejam os mesmos independentemente da marca utilizada, a adaptação das doses e pontos de aplicação requer tempo e experiência. O profissional deve estar disposto a personalizar seus protocolos não apenas para cada marca, mas principalmente para cada paciente.
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