Muitos pacientes relatam o surgimento de marcas ou rugas incomuns após a aplicação de toxina botulínica, gerando dúvidas e inseguranças quanto à eficácia do procedimento. Ao contrário do que se possa imaginar, essas marcas não estão relacionadas à ação da toxina em si, mas a outros fatores anatômicos e comportamentais que podem se manifestar após o relaxamento muscular.
Marcas de Sono vs. Marcas de Expressão
As marcas faciais podem ser categorizadas em dois tipos principais: marcas de expressão e marcas de sono. As marcas de expressão são perpendiculares às fibras musculares e ocorrem devido à movimentação muscular repetitiva. Por exemplo, na região da fronte, as rugas de expressão são tipicamente horizontais.
Por outro lado, as marcas de sono apresentam padrões completamente diferentes e não obedecem à direção das fibras musculares. Elas podem aparecer em várias regiões do rosto:
Região da fronte: linhas verticais ou diagonais, em oposição às rugas horizontais típicas de expressão
Lateral dos olhos: marcas diagonais diferentes dos "pés de galinha"
Bochechas e região do jaw (mandíbula): marcas que dividem essas áreas
Região do nariz e lábios: sulcos atípicos

Quando um paciente utiliza toxina botulínica, a paralisação muscular impede que o músculo desempenhe sua função de "desdobrar" o tecido que foi comprimido durante o sono. O resultado é que marcas antes imperceptíveis podem se tornar evidentes, levando o paciente a acreditar erroneamente que surgiram devido à aplicação.
A posição durante o sono e o tipo de travesseiro utilizado influenciam diretamente o aparecimento dessas marcas. Travesseiros mais rígidos ou que permitem maior compressão do rosto tendem a criar mais marcas. Dormir de barriga para cima ou utilizar travesseiros anatômicos especiais, como o Juverest (demonstrado no vídeo através de tomografias comparativas), pode ajudar a minimizar essas marcas.
O Equilíbrio entre Músculos Elevadores e Depressores
A face possui um sistema complexo de músculos que trabalham em sinergia para manter os tecidos em posição. Existem músculos elevadores e músculos depressores, e o equilíbrio entre eles é essencial para a harmonia facial.
Músculos elevadores incluem:
Frontal: responsável por elevar a sobrancelha
Zigomáticos (maior e menor): elevam a região do sorriso
Orbicular do olho (porção inferior): eleva o terço médio da face
Músculos depressores incluem:
Corrugador e prócero: deprimem a região da glabela
Orbicular do olho (porção superior): deprime o terço superior
Depressor do ângulo da boca e depressor do lábio inferior
Quando aplicamos toxina botulínica seletivamente, podemos alterar esse equilíbrio. Se paralisamos apenas os músculos elevadores sem considerar os depressores, podemos acelerar o envelhecimento facial. O organismo tende a compensar a paralisia de determinados músculos com o fortalecimento dos antagonistas.
É importante entender que a musculatura, juntamente com os ligamentos de retenção da face, é responsável por manter os tecidos em posição. Quando bloqueamos completamente a ação muscular com toxina, os ligamentos assumem sozinhos essa função de sustentação, o que pode não ser suficiente para evitar o aparecimento de certas marcas.
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Soluções Além da Toxina Botulínica
Quando surge uma marca estranha após a aplicação de toxina, a tendência natural é pensar em aplicar mais toxina para corrigi-la. No entanto, esta abordagem geralmente piora a situação, pois aumenta a paralisia muscular e reduz ainda mais a capacidade do músculo de "desdobrar" o tecido.
As soluções mais adequadas estão relacionadas à melhoria da estrutura dérmica:
Bioestimuladores de colágeno: produtos como a hidroxiapatita de cálcio podem melhorar a espessura dérmica e fornecer mais sustentação à pele.
Fios de sustentação lisos: funcionam como pequenas vigas que, ao estimular a produção de colágeno, criam uma estrutura de suporte para a pele.
Skin boosters: podem melhorar a qualidade geral da pele, tornando-a menos propensa a dobras e marcas.
Mesotoxina (toxina botulínica altamente diluída): aplicada muito superficialmente, pode relaxar as fibras mais superficiais e amenizar levemente algumas marcas, sem comprometer totalmente a função muscular.
Para pacientes preocupados com essas marcas, é essencial que o profissional explique a diferença entre marcas de expressão e marcas de sono. Uma forma prática de demonstrar isso é pedir que o paciente realize expressões faciais para observar que as marcas de expressão aparecem e desaparecem com o movimento, enquanto as marcas de sono permanecem independentemente da expressão.
A prevenção também é importante. Orientações sobre como dormir (preferencialmente de barriga para cima), qual travesseiro utilizar, e a importância de tratamentos que fortaleçam a estrutura dérmica podem ajudar a minimizar o aparecimento dessas marcas indesejadas.
Compreender a verdadeira causa dessas marcas permite que o profissional ofereça soluções mais efetivas, mantendo a confiança do paciente e alcançando resultados mais satisfatórios nos tratamentos estéticos faciais.
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