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Toxina em região de fronte: a Técnica da Linha de Convergência

A aplicação convencional de toxina na fronte pode comprometer a expressividade do seu paciente. Nesta aula abordaremos uma técnica seletiva que preserva parte da função muscular.

A aplicação de toxina botulínica na região frontal é um procedimento comum na harmonização facial, mas a técnica tradicional nem sempre atende às expectativas de naturalidade. A abordagem convencional, que paralisa toda a musculatura frontal, pode comprometer a expressividade e acentuar características indesejadas. Neste artigo, discutiremos uma técnica diferenciada de aplicação baseada no estudo do Dr. Cotofana, que propõe uma abordagem mais seletiva, preservando parte da funcionalidade muscular.

A Dinâmica Muscular do Frontal e a Linha de Convergência

O músculo frontal, diferentemente do que muitos pensam, não tem apenas uma função elevadora. Estudos recentes demonstraram que este músculo possui duas porções funcionais distintas: uma superior, que traciona o couro cabeludo no sentido caudal (para baixo), e uma inferior, que traciona a região de sobrancelha e glabela no sentido cranial (para cima).

O Dr. Cotofana, por meio de escaneamentos tridimensionais de pacientes de diferentes etnias, identificou o que chamou de "linha de convergência" – uma linha horizontal onde as forças opostas de tração se encontram, criando uma área que praticamente não se movimenta durante a contração do frontal. Esta linha geralmente coincide com a segunda marca horizontal da fronte, contando de cima para baixo.

O estudo revelou que, em média, 60% da altura total da fronte corresponde à porção elevadora do músculo frontal, enquanto os 40% superiores correspondem à porção depressora. A linha de convergência marca exatamente a transição entre estas duas porções funcionais. Este conhecimento anatômico permite uma aplicação mais estratégica da toxina botulínica, focada em paralisar predominantemente a porção depressora, preservando parte da função elevadora.

É importante ressaltar que existem variações anatômicas entre os indivíduos. Algumas pessoas apresentam marcas frontais perfeitamente horizontais, enquanto outras têm padrões mais ondulados ou irregulares, especialmente na primeira linha horizontal. Esta variabilidade deve ser considerada no planejamento terapêutico.

Técnica de Aplicação na Linha de Convergência e Suas Vantagens

A técnica proposta consiste em aplicar a toxina botulínica exclusivamente na linha de convergência, de forma profunda para atingir efetivamente a musculatura, mas sem tocar no periósteo. Em vez de distribuir pequenas doses por toda a fronte, como na técnica tradicional, concentram-se doses maiores (3-4 unidades por ponto) ao longo desta linha específica.

Esta abordagem traz várias vantagens:

  1. Preservação da função elevadora: Mantém parte da capacidade de elevação da sobrancelha, evitando o aspecto de "testa pesada" que pode ocorrer quando todo o frontal é paralisado.

  2. Resultado mais natural: Permite alguma movimentação expressiva, atendendo pacientes que desejam um efeito mais sutil e natural.

  3. Benefício para perfis específicos: É particularmente vantajosa para pacientes com o chamado "perfil lambrosiano" (sobrancelhas baixas e sombreamento na região orbital) ou com excesso de pele na pálpebra superior, pois ajuda a manter a função elevadora que contrabalança a descida natural dos tecidos.

  4. Redução do risco de ptose palpebral: Diminui significativamente o risco de afetar o músculo elevador da pálpebra superior, uma vez que a aplicação fica mais distante da borda orbital.

A técnica, no entanto, apresenta algumas particularidades que devem ser consideradas. Por exemplo, em homens, devido à maior massa muscular e força de contração, é recomendável aumentar a dose em pelo menos 50% em comparação com mulheres. Além disso, o efeito tende a durar menos tempo que a técnica convencional, o que deve ser informado previamente ao paciente.


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Cuidados com a Profundidade de Aplicação e Prevenção de Cefaleia

Um aspecto crucial desta técnica é a profundidade de aplicação. O ideal é aplicar a toxina diretamente na massa muscular, sem tocar no periósteo. A aplicação muito superficial pode resultar em perda de produto, pois a fáscia muscular age como uma barreira parcial. Por outro lado, a aplicação muito profunda, que toca o periósteo (conhecido como técnica do "click"), pode desencadear cefaleia pós-procedimento.

O periósteo da região frontal é ricamente inervado, com terminações nervosas que se conectam diretamente com o encéfalo através das suturas cranianas. Quando estas terminações são estimuladas pela agulha, pode ocorrer excitabilidade neural e desencadear dor de cabeça. Este mecanismo explica, em parte, por que a cefaleia é um dos efeitos colaterais mais comuns após a aplicação de toxina botulínica na região frontal.

Para evitar este problema, recomenda-se que a aplicação na metade superior da fronte seja feita em plano profundo, mas com cuidado para perceber a resistência da camada muscular sem avançar até o periósteo. Já na metade inferior da fronte, mais próxima à região orbital, a aplicação deve ser mais superficial, por questão de segurança.

Esta consideração é especialmente relevante considerando que a toxina botulínica não age apenas como bloqueador neuromuscular, mas também como modulador de dor por sua ação na substância P e na excitabilidade das terminações nervosas. Minimizar o trauma ao periósteo contribui para uma experiência pós-procedimento mais confortável.

A técnica da linha de convergência representa uma evolução no uso da toxina botulínica para harmonização facial, alinhando-se com a tendência de resultados mais naturais e personalizados. Compreender a anatomia funcional do músculo frontal permite adaptações técnicas que beneficiam perfis específicos de pacientes, mantendo a expressividade facial sem comprometer o rejuvenescimento.

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