A utilização de placas interoclusais em pacientes com próteses sobre implantes requer uma abordagem diferenciada devido às características únicas desta modalidade de reabilitação. A ausência do ligamento periodontal nos implantes resulta em uma transmissão direta das forças ao osso, sem o amortecimento natural presente nos dentes naturais. Esta particularidade torna os implantes mais suscetíveis a sobrecargas oclusais, especialmente durante episódios de bruxismo ou outros hábitos parafuncionais, fazendo com que a placa interoclusal assuma um papel importante nestes casos.
Nas próteses sobre implantes, as placas interoclusais são particularmente indicadas para prevenir complicações mecânicas nas próteses, como afrouxamento ou fratura de parafusos, proteger elementos protéticos em resina contra desgaste excessivo, promover uma distribuição mais equilibrada das forças oclusais e reduzir o risco de sobrecarga nos implantes e eventuais fraturas/falhas protéticas em pacientes com forças excessivas.
O design da placa deve ser planejado para proporcionar contatos oclusais uniformes e estáveis, com especial atenção à distribuição das forças. É fundamental evitar desenhos que concentrem forças em áreas específicas e garantir suporte adequado para prevenir sobrecarga em regiões mais sucetíveis a falhas.
O uso de dispositivos interoclusais também tem grande valiea no tratamento conservador para reduzir os sinais e sintomas de disfunções articulares, como apertamento ou bruxismo.
Nestes casos, a placa fornece uma condição oclusal ideal, livre de desarmonias, que reduziria a atividade muscular anormal. No entanto, estudos mais recentes indicam que fatores oclusais isolados não são determinantes para o desenvolvimento das DTMs.
Os dispositivos oclusais, além disso, podem alterar a posição do côndilo mandibular para uma condição musculoesqueleticamente mais estável, que, junto com o aumento da dimensão vertical de oclusão também pode contribuir para a redução dos sintomas
É fundamental reconhecer que a DTM é uma condição multifatorial, e o sucesso do tratamento depende do controle adequado de diversos aspectos, incluindo fatores psicológicos, neurológicos, posturais e parafuncionais. A efetividade de cada mecanismo de ação varia de acordo com as características individuais de cada paciente.
Embora os dispositivos interoclusais sejam amplamente utilizados e considerados efetivos no tratamento das DTMs, ainda não existe um consenso sobre seu exato mecanismo de ação. O mais provável é que múltiplos mecanismos atuem simultaneamente, contribuindo para os resultados positivos observados na prática clínica. O desenvolvimento de estudos longitudinais bem controlados continua sendo necessário para melhor compreensão dos mecanismos envolvidos no tratamento com dispositivos interoclusais.
Fabricação de Placas Oclusais: Fresagem ou Impressão 3D?
No fluxo digital, a fabricação de placas interoclusais pode ser feita por dois métodos principais: fresagem e impressão 3D. Ainda que o desenho seja realizado da mesma forma, há uma diferença na produção da placa.
Enquanto as placas fresadas tradicionalmente demonstram maior precisão em relação ao modelo digital original (fidelidade), os estudos têm demonstrado que as placas impressas em 3D, especialmente quando posicionadas verticalmente, apresentam maior reprodutibilidade entre múltiplas unidades.
Bom entender que precisão mede o quanto o produto final se aproxima do design original pretendido, enquanto a reprodutibilidade indica a consistência entre múltiplas peças semelhantes produzidas usando os mesmos parâmetros.
No caso das placas fresadas, embora cada unidade possa ser muito precisa em relação ao design original, pode haver variações mais significativas entre diferentes unidades devido a fatores como o desgaste das fresas e limitações geométricas do processo de usinagem.
Em contraste, a tecnologia de impressão 3D, particularmente quando utilizada com orientação vertical, demonstra maior consistência na produção de múltiplas unidades, mesmo que cada peça individual possa apresentar pequenos desvios do modelo digital original. Esta característica pode ser particularmente vantajosa em ambientes de produção em série, onde a consistência entre diferentes unidades é tão importante quanto a fidelidade ao design original.
Portanto, ao considerar o custo-benefício entre os métodos, é essencial avaliar não apenas a precisão absoluta, mas também a reprodutibilidade necessária para a aplicação específica, especialmente considerando que o método mais econômico (impressão 3D) pode oferecer vantagens significativas em termos de consistência na produção em série.
Outro aspecto diz respeito ao custo de produção. O advento da impressão 3D (hoje uma necessidade para quem está no fluxo digital)trouxe uma alternativa significativamente mais econômica e que pode alcançar qualidade comparável a um custo que representa uma fração do valor de uma placa fresada, tornando o tratamento mais acessível sem comprometer os resultados clínicos.
Imprimindo as placas interoclusais
A escolha entre posicionamento horizontal ou vertical impacta significativamente diversos aspectos do processo de fabricação e do resultado final, vamos entender:
Posicionamento Horizontal
O posicionamento horizontal oferece vantagens significativas em termos de precisão dimensional. Nesta orientação, a placa requer menos camadas para sua construção, reduzindo assim o número potencial de discrepâncias entre camadas sucessivas. Isso resulta em maior fidelidade ao modelo digital original, especialmente em termos de adaptação.
Entretanto, o posicionamento horizontal apresenta alguns problemas. A necessidade de estruturas de suporte na superfície oclusal da placa pode complicar o pós-processamento, exigindo maior tempo e cuidado na remoção destes suportes para evitar comprometer a superfície funcional do dispositivo.
Posicionamento Vertical
O posicionamento vertical, por sua vez, demonstra maior precisão na reprodutibilidade entre múltiplas impressões. Esta orientação permite uma distribuição mais uniforme das forças de contração durante a polimerização, resultando em menor variabilidade dimensional entre diferentes placas produzidas com os mesmos parâmetros.
Uma vantagem significativa do posicionamento vertical é a menor necessidade de suportes na superfície oclusal, simplificando o processo de acabamento. Além disso, esta orientação permite a produção simultânea de um maior número de placas na mesma plataforma de impressão, otimizando a eficiência produtiva.
No entanto, o posicionamento vertical requer um número significativamente maior de camadas, o que pode aumentar o tempo total de impressão. A maior quantidade de camadas também aumenta a chance de ter um acúmulo de pequenas discrepâncias dimensionais ao longo da altura da peça.
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